Plataformas digitais ajudam a conhecer atrações de uma cidade e ver exposições em museus famosos sem precisar fazer as malas.
A pandemia mudou mais do que a forma como as pessoas se relacionam e enxergam o mundo. Em um ano de restrições para tentar controlar o número de casos de covid-19, muitas mudanças aconteceram e foi preciso adaptar o trabalhar, a forma de manter contato com amigos e familiares e também de viajar.
Com lockdown e o confinamentos que diversos governos decretaram, milhões de pessoas ficaram presas em seus países e sem perspectiva de quando poderiam voltar a fazer turismo em sem o risco de se contaminar com o novo coronavírus.
Em casa e com acesso à internet, as ferramentas online foram únicas formas de conhecer algum destinos paradisíacos ou realizar o sonho de, finalmente, visitar um determinado destino. O Google Maps e o Youtube se tornaram o escape preferido para viajantes que não controlam a vontade de desbravar outras culturas, mesmo que seja por meio de uma tela.
Fazer as malas e partir para passar alguns dias longe da rotina pode ser essencial para relaxar e cuidar da saúde mental, principalmente em um momento de tanto estresse e cansaço.
“Viajar faz muito bem. É um modo de se deslocar de um cotidiano repetitivo, produz uma ruptura na rotina e, então, abre o horizonte para outras possibilidades da nossa própria existência”, afirma a professora de psicologia da PUC-SP Elisa Zaneratto Rosa
Lugares do outro lado do mundo, ilhas minúsculas no meio do Pacífico e até os tradicionais destinos turísticos foram intensamente pesquisados durante o período de pandemia. Com a internet, é possível conhecer ruas, monumentos, obras arquitetônicas e cartões postais que a falta de tempo e dinheiro não permitiam mesmo quando era possível cruzar fronteiras.
Pelo YouTube, usuários podem assistir aos vídeos de viagens de criadores de conteúdo em um determinado país e até fazer um city walk, caminhada para conhecer pontos turísticos de uma cidade. Em alguns casos, uma câmera simula o ponto de vista de um turista e faz com que o espectador tenha a sensação de estar andando pelas ruas e vendo como é a rotina local.
No YouTube Brasil, uma playlist com alguns passeios virtuais se tornou a 5ª mais consumida do canal oficial, conquistando mais de 115 mil visualizações, conta Bruno Telloli, manager da área de Cultura e Tendência na plataforma.PUBLICIDADE
Um vídeo caminhando pelo centro da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, tem mais de 1,4 milhões de visualizações, e um passeio de carro pela Avenida Paulista, em São Paulo, conta com quase 750 mil visualizações. A praia de Santos, no litoral de São Paulo, também é o local de um vídeo, em que o autor caminha pelo calçadão, que abria o maior jardim de orla do mundo.
Já um vídeo andando por mais de uma hora por Nova York na chuva bateu 10 milhões de visualizações, e uma pedalada pelo centro de Paris, na França, tem quase 1 milhão de visitas.
Além das caminhadas online, há muito interesse por vídeos de pessoas que largaram tudo para poder viajar pelo país ou foram morar no exterior e compartilham a experiência em um canal.
“A gente viu crescer nos últimos 12 meses o consumo de canais de aeromoças e comissários de bordo brasileiros que rodam o mundo e compartilham a experiência de viajar e ficar dentro de um avião durante a pandemia”, conta Telloli.
No Google, a principal tendência foi visitar museus pelo Maps ou pelo Earth. Alguns locais já oferecem um tour virtual com recursos que permitem visitar algumas das galerias e das exposições mais famosos do mundo. Segundo o manager, a procura por esse tipo de contéudo aumentou cerca de 60% desde março do ano passado, quando a Organização Mundial da Saúde declarou a pandemia de covid-19.
Como viajar online?
O professor de Turismo da Universidade Anhembi Morumbi Alan Guizi aconselha quem deseja fazer uma viagem online a organizar os pontos turísticos que deseja conhecer e confirmar se são oferecidas visitas virtuais.
Algumas empresas de turismo também estão organizando passeios remotos por algumas cidades e pode ser uma alternativa para quem não sabe como começar a montar um roteiro.
Para os turistas mais tecnológicos, é possível recorrer a pacotes em realidade virtual ou em realidade aumentada para matar a vontade de sair de casa. “O cliente consegue usar o próprio dispositivo e celular”, explica o professor, que deu o exemplo desse tipo de passeio na Ilha de Páscoa, onde os visitantes conseguem ver em detalhes os moais, as famosas estátuas gigantes de pedra.
Viajar remotamente pode ser uma boa, mas pode não ser um alívio para todos. A professora de psicologia explica que muitas pessoas “estão exauridas da mediação tecnológica nesse momento”.
Outros conteúdos consumidos na pandemia
Além de conteúdos relacionados a viagem e a vida no exterior, usuários aproveitaram o YouTube para encontrar novos hobbies e novas atividades para fazer dentro de casa.
Segundo o especialista da plataforma, vídeos relacionados à cozinha, exercícios físicos e como cortar o cabelo explodiram nos últimos 12 meses. Outra tendência foi o aumento do interesse por conteúdos relacionados com o cuidado de de plantas e com pequenas reformas.
Vídeos que tinham no título “receita fácil” somaram mais de 1 bilhão de visualizações, enquanto os exercícios físicos chegaram a 190 milhões de acessos.
Em maio de 2020, dois meses depois do começo da pandemia, a tendência eram vídeos para cortar o cabelo em casa e, durante o resto do ano, conteúdos ensinando a fazer máscara de pano também se tornaram populares.