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Vazante do rio começa a ficar acentuada, afirma especialista

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Com a descida do rio Negro, em Manaus, quem sobrevive da pesca se prepara para a fartura e também a dificuldade na locomoção

Apesar da atuação do fenômeno El Niño este ano, a vazante dos rios Negro e Solimões apresentam descida regular e ainda não supera as cotas mínimas registradas em 2010, quando houve uma seca extrema na região. É o que revela o monitoramento do Sistema de Alerta Hidrológico da região (SAH Amazonas), operado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). No entanto, ainda há todo o mês de setembro para os rios continuarem descendo. 

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Vale ressaltar que, em 2010, ano da maior vazante da história, quando o rio Negro chegou à cota de 13,63 metros, somente nos 25 dias de agosto daquele ano, o Negro desceu 2,51 metros, chegando à marca de 23,52 metros. 

Neste ano, de 1º a 25 de agosto, o rio Negro, já desceu 2,22 metros e alcançou a cota de 24,58 metros, uma diferença de  pouco mais de um metro em relação a 2010.

De acordo com a pesquisadora em geociências do SGB, Jussara Cury, nesta mesma época, em 2010, as cotas estavam mais baixas. Em Manaus, a pesquisadora afirma que o rio Negro apresentou descidas mais acentuadas nesta última semana, porém, os níveis registrados são considerados normais para o período.  

Já era esperado que o El Niño impactasse na seca deste ano no Amazonas, pois alguns de seus efeitos são a diminuição da ocorrência de chuvas e altas temperaturas. Porém, a pesquisadora afirma que a principal preocupação com relação ao fenômeno climático é que ele faça com que a estiagem se estenda por mais tempo, ou seja, que demore mais a voltar o período de chuvas. 

Pescadores afetados

No bairro Colônia Antônio Aleixo, na zona Leste de Manaus, o pescador José Paulo Moreira, de 62 anos, observa diariamente a descida do rio nas mediações do Lago do Aleixo que, até o momento, não secou completamente como ele já presenciou em anos anteriores. Ele mora em uma casa flutuante e conta que, durante a seca, seu trabalho com a pesca é prejudicado. 

“Aqui seca tudo, ninguém pode ir pro rio, fica tudo seco. E essa é a principal dificuldade pra todos que pescam, que faz catraia, quem mora na Terra Nova, e traz verdura pra vender aqui. Na seca é aquela dificuldade pra trazer, dificulta muita coisa. No verão, a fartura é enorme, mas ninguém consegue transportar levando tudo nas costas, porque fica muito distante a viagem”, relatou o pescador.  

Monitoramento

 Este recuo das águas dos rios também tem sido monitorado pela Defesa Civil de Manaus. Segundo o gerente de Encaminhamento e Acompanhamento da Defesa Civil, Cristiano Lira, o órgão está em contato constante com o SGB e o Porto de Manaus para acompanhar a velocidade que a vazante dos rios está ocorrendo e como isso pode impactar principalmente as comunidades da zona rural.  

“Temos comunidades que estão localizados nos rios Negro e Amazonas. As comunidades ribeirinhas na zona rural de Manaus estarão recebendo visitas de equipes da Defesa Civil, da Semasc e de outros órgãos da prefeitura. As visitas visam orientar e implementar ações sobretudo no que se refere ao abastecimento de água potável para essas comunidades, tendo em vista que o deslocamento delas até onde tem água em algumas são muito distantes, de até 6km”, afirmou Lira.

Solimões em processo de vazante

 O  Serviço Geológico do Brasil (SGB)  também realiza o monitoramento do rio Solimões, que juntamente com os rios Negro e Amazonas são os principais rios que compõem a Bacia do rio Amazonas. Segundo o SGB, o rio Solimões continua em processo de vazante e nesta semana apresentou níveis considerados baixos em Tabatinga, mas segue com níveis dentro da faixa da normalidade em Fonte Boa, Itapéua e Manacapuru. 

Já o rio Amazonas, nesta semana, segue em processo de vazante, apresentando descidas regulares, contudo em alguns postos como em Itacoatiara, registra níveis considerados baixos para a época, informou o SGB.

Calendário diferenciado na educação

Na zona rural, também há um calendário escolar diferenciado por conta da seca dos rios. Neste período, em algumas comunidades rurais os lagos secam completamente e impossibilitam a locomoção pela água, fazendo com que os alunos e professores que antes se locomoviam por embarcações precisem fazer o longo trajeto a pé até as escolas.  

O subsecretário de Gestão Educacional da Secretaria Municipal de Educação (Semed), professor Júnior Mar, explica que o calendário escolar nessas comunidades rurais começa na primeira semana de janeiro com o início das aulas, e por começar tão cedo, no meio do mês de outubro as aulas já encerram.  

“Nós temos um calendário diferenciado para as escolas do Rio Negro, onde a seca mais afeta e a logística fica bem mais complexa. Os estudantes e alunos acabam tendo que caminhar muito porque as águas ficam longe das escolas. Por isso, eles começam mais cedo, têm sábados letivos, exatamente para antecipar os 200 dias letivos nessas escolas do Rio Negro que são afetadas pela estiagem”, disse.

BOLETIM DE MONITORAMENTO HIDROMETEOROLÓGICO DA AMAZÔNIA OCIDENTAL

De acordo com o comportamento atual dos níveis dos rios, em comparação aos dados observados nas respectivas séries históricas apresentados nos cotagramas ao final do boletim, verifica-se os seguintes padrões:

Bacia do rio Branco: Ao longo da semana passada, o rio Branco apresentou elevação de seu nível em Boa Vista e
Caracaraí, mas voltou a descer nos registros mais recentes.

Bacia do rio Negro: Nessa semana, as estações monitoradas do alto rio Negro apresentaram comportamento de recessão com descidas médias diárias de 7 cm em São Gabriel da Cachoeira e Tapuruquara e de 6 cm em Barcelos. Já em Manaus, na estação do Porto, o nível do Negro apresentou uma vazante média diária de 11 cm. As estações monitoradas desta calha apresentam níveis considerados normais para época.

Bacia do rio Solimões: O rio Solimões segue em processo de vazante nas estações monitoradas. Em Tabatinga, o rio apresentou oscilações nas descidas ao longo da semana, diminuindo a  intensidade da recessão local. Em Fonte Boa e Itapéua, foram registradas descidas médias diárias de 10 cm e em Manacapuru, o Solimões apresentou descidas diárias de 13 cm.

Bacia do rio Purus: O rio Acre em Rio Branco desceu essa semana e apresenta níveis considerados baixos para época. Em Beruri, o rio Purus segue em processo de vazante com descidas médias diárias de 15 cm.

Bacia do rio Madeira: Na semana passada, o rio Madeira em Humaitá voltou a subir e os níveis registrados são considerados normais para o período.

Bacia do rio Amazonas: O rio Amazonas continua em processo de vazante, apresentando descidas médias diárias de 12 cm no Careiro da Várzea, 9 cm em Itacoatiara e 6 cm em Parintins.

 (Foto: Jeiza Russo)

Amariles Gama/acritica

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