Por Que Ser Hospitalizado Novamente?
Segundo o neurologista Gil Rosa, do Centro Especializado em Neurologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a reabilitação pós-AVC é um programa individualizado, com metas definidas em conjunto com o paciente e sua família.
Portanto, é comum que pessoas que sofreram um AVC retornem ao centro de reabilitação em diferentes momentos do processo.
Isso geralmente ocorre quando o paciente alcança um novo nível de evolução e precisa de desafios diferentes. Outros exemplos incluem quando a vida apresenta demandas mais complexas – como retornar ao trabalho ou dirigir – ou quando a equipe identifica uma nova oportunidade de ganho funcional.
“Uma segunda fase é indicada quando o cérebro já superou a fase aguda e está pronto para treinos mais complexos e funcionais, como correr, escrever melhor, pegar objetos menores, melhorar a fala, entre outros”, explica o Dr. Rosa.
O Que Esperar Após um AVC?
Existem dois tipos principais de AVC: isquêmico e hemorrágico. No AVC isquêmico, um vaso sanguíneo no cérebro fica “entupido”, impedindo que o sangue chegue a uma determinada área, o que faz com que essa parte do cérebro perca sua função.
No AVC hemorrágico, o problema é o rompimento de um vaso. O sangue vaza para o tecido cerebral, causando pressão extra e um efeito “tóxico”. O resultado também é a perda da atividade daquela região.
A condição pode afetar os pacientes de diversas formas. Alguns se recuperam totalmente ou apresentam sequelas que não afetam sua rotina. No entanto, em outros casos, áreas importantes do cérebro são afetadas, levando à perda de funções essenciais.
Como cada parte do cérebro é responsável por uma tarefa específica, quando essa área para de funcionar, o sintoma correspondente aparece. Isso pode se manifestar como fraqueza em um braço, dificuldade para falar, perda de sensibilidade em uma perna, entre outros sinais.
Em resumo, a gravidade e o tipo de sequelas do AVC dependem da extensão e localização da lesão, da rapidez do socorro e das intervenções pós-AVC.
“Estatisticamente, as sequelas mais comuns são fraqueza em um lado do corpo (hemiparesia), dificuldade para falar (afasia), dificuldade para engolir (disfagia) e dificuldade no equilíbrio (ataxia)”, estima o neurologista.
Como Se Recuperar Depois de um AVC?
O cérebro tem uma capacidade incrível de se reorganizar após uma lesão. Por isso, mesmo depois de um AVC, é possível recuperar funções perdidas, total ou parcialmente. A reabilitação pós-AVC existe para ajudar nessa retomada, com o objetivo de devolver ao paciente o máximo de autonomia em suas atividades diárias.
Nessa etapa, diferentes especialistas trabalham juntos, dependendo do tipo de sequela que o paciente enfrenta. O médico fisiatra coordena o plano de cuidados; o fisioterapeuta atua na recuperação de movimentos, equilíbrio e marcha; o fonoaudiólogo ajuda na fala, na linguagem e na deglutição; o terapeuta ocupacional foca nas habilidades do dia a dia e nas adaptações que podem facilitar a vida em casa; e o psicólogo oferece suporte emocional e acompanha a adaptação às mudanças.
No entanto, o tempo é um fator crucial. Agir rapidamente ao socorrer alguém que sofreu um AVC faz toda a diferença, reduzindo o risco de morte e de sequelas graves. Mas o cuidado não termina ali. Assim que a fase de urgência passa, a reabilitação deve ser iniciada o mais rápido possível.
Quanto antes esse processo começar, maiores serão as chances de recuperação. “As grandes melhoras acontecem entre o segundo e o sexto mês. Depois disso, ainda é possível observar alguma melhora, mas as chances diminuem com o tempo. Após um ano, elas já não são tão significativas”, explica Felippe Saad, neurocirurgião e coordenador da neurocirurgia do Hospital Albert Sabin.
Portanto, procurar rapidamente um plano de reabilitação e contar com uma equipe multidisciplinar são estratégias cruciais para devolver autonomia e qualidade de vida ao paciente.
Os Principais Desafios na Reabilitação Pós-AVC
“A fase de reabilitação é um momento de muitos desafios”, afirma o Dr. Rosa. Afinal, ela envolve adversidades no âmbito físico, cognitivo e emocional.
Segundo o neurologista, as questões físicas não apenas limitam a mobilidade do paciente, mas, se não forem tratadas de forma eficaz, podem levar à rigidez e, consequentemente, à dor.
Enquanto isso, alterações cognitivas podem causar falta de memória recente, dificuldades de atenção e lentidão no processamento de informações. Já os aspectos emocionais são, segundo o médico, o maior desafio. “Transtornos de ansiedade, depressão, frustração e transtornos de ajustamento podem atrasar o processo de melhora.”
“Por isso, é fundamental que o paciente e a família conversem com o médico e, quando necessário, com profissionais de saúde mental”, explica o Dr. Rosa.
Quanto Tempo Dura a Reabilitação Após um AVC?
O tempo de recuperação depende da gravidade do AVC e da área do cérebro afetada. De modo geral, o Dr. Saad explica que uma recuperação completa costuma levar cerca de um ano. No entanto, casos de AVC leve podem exigir um tratamento de semanas a poucos meses.
De qualquer forma, a recuperação funcional é contínua, segundo o Dr. Rosa, com pequenas conquistas ao longo do tempo. No caso de Pirulla, o retorno à reabilitação mostra exatamente como esse processo é gradual e personalizado. Cada nova etapa representa desafios e avanços, reforçando que a recuperação após um AVC é feita passo a passo, com paciência, acompanhamento especializado e apoio da família.
Fonte: https://saude.abril.com.br


