Estimativas da Defesa Civil do Amazonas indicam que 50 municípios serão afetados pela cheia dos rios entre abril e junho de 2023
A previsão do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) é de que o nível do Rio Negro chegue em média a 28,64 metros e alcance a máxima de 29,40 metros nos meses de junho ou julho em Manaus. Os dados foram divulgados durante o primeiro alerta de cheia do Rio Negro, nesta sexta-feira (31), que apresentaram baixa probabilidade de alcançar a marca histórica de 2021, quando a cota registrou 30,02 metros na capital amazonense.
Segundo a gerente de hidrologia do Serviço Geológico do Brasil em Manaus (CPRM), Jussara Cury, os modelos, de 80% de confiança, mostram que a probabilidade de superar a cota de inundação de 27,50 metros é de 97,65%. A boa notícia, conforme a previsão, é que os modelos identificam que há uma baixa probabilidade de alcançar uma inundação severa de 29 metros, e menor ainda de superar a cheia histórica de 2021, de 30,03 metros.
“A probabilidade de superar a cota de inundação é muito grande, já a probabilidade de superar a inundação severa é menor, de 27,07%. Já de chegar a máxima, de 30,02, não alcança nem 1%, então é uma probabilidade pequena de superar a cheia de 2021, o que é bom”, avaliou ela.
A previsão de cheia para Manacapuru, município banhado pelo Rio Solimões, chega em média a 19,38 metros com máxima de 20,21 metros. “A cota de inundação severa em Manacapuru é de 19,60 metros, então 19,38 metros está abaixo da cota de inundação severa. No entanto, está acima da cota de inundação que é 18,20 metros”.
De acordo com os níveis observados para Itacoatiara, município banhado pelo Rio Amazonas, a previsão de cheia é de 14,20 metros com máxima de 14,67 metros. “A probabilidade de superar a inundação severa é de 50,79%”, comentou Jussara Cury.
Fenômenos climatológicos
Quanto aos fenômenos climatológicos que podem influenciar a subida dos rios no Amazonas, o coordenador de meteorologia do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Gustavo Ribeiro, analisa que a região não é mais influenciada pelo La Niña. Segundo ele, de acordo com os modelos climatológicos, as águas dos oceanos estão mais quentes, mas ainda há resquícios de La Niña, por isso ainda chove bastante na região amazônica.
“As águas dos oceanos estão mais aquecidas na Costa Oeste da América do Sul. O oceano Pacífico aquecendo faz com que diminuam as chuvas na Amazônia. Nós estamos em um período de neutralidade, mesmo que já tenha acabado o La Niña, ainda há a circulação residual do fenômeno, por isso que ainda está chovendo e a previsão indica chuvas acima do normal em boa parte da região”, destacou ele.
De acordo com o especialista, a previsão de consenso entre os órgãos é de chuvas significativas em abril e diminuição nos meses de maio a junho. “Aqui no Amazonas, a região do Purus apresenta chuvas acima da anormalidade para o trimestre. Mas essa assinatura muito provavelmente seja em função do mês de abril e, na sequência, a tendência é de diminuição das chuvas”.
Enchente no Amazonas
A Defesa Civil do Amazonas estima que 50 municípios sejam afetados pela cheia dos rios entre abril e junho de 2023. Os municípios mais atingidos estão localizados no Alto Solimões, Médio Solimões, Baixo Solimões, Juruá, Purus, Madeira, Médio Amazonas. Entre junho e agosto, a pasta estima que os 62 municípios sejam atingidos pela cheia deste ano.
De acordo com a Defesa Civil do Amazonas, os municípios que atualmente estão em estado de alerta são: Guajará, Ipixuna, Eirunepé, Envira, Itamarati, Guajará e Juruá. Além de Pauini, Boca do Acre, Lábrea e Canutama. Os municípios em estado de atenção são: Borba e Nova Olinda do Norte. Os demais municípios estão em normalidade.
“Em comparação com esse mesmo período do ano passado, nós temos uma situação mais tranquila em relação aos impactos. E o nosso centro continua com o monitoramento constante tanto do volume das águas quanto de precipitação”, destacou o secretário adjunto do órgão, Coronel Clóvis Araújo. Os próximos alertas de cheia para o Amazonas acontecem no final do mês de abril e em maio.
(Foto: Junio Matos (Arquivo)/A CRÍTICA)
Karol Rocha
Fonte: acritica